Mas o inferno mesmo era o deslocamento. Eu morava no centro de Viamão, pra quem não conhece, é uma cidade na região metropolitana de Porto Alegre, e trabalhava na capital. Todo santo dia eram no mínimo três horas da minha vida jogadas no transporte público. Uma hora pra ir, duas pra voltar, porque no retorno eu precisava pegar dois ônibus. Três horas por dia, seis dias por semana, dentro de um ônibus lotado, cansado, vendo a vida passar pela janela.
Agora por que esse debate explodiu justamente agora?
Simples. A internet democratizou a informação. Hoje você tem acesso a outras realidades, vê pessoas vivendo de forma diferente, trabalhando de casa, tendo qualidade de vida. E aí vem aquela pergunta que não quer calar: será que eu mereço viver assim? Será que é isso mesmo que eu quero pro resto da minha vida?
Só que tem um problema gigante nessa história.
Como é que você, trabalhador esgotado, vai mudar de vida se não tem tempo pra absolutamente nada?
Eu só consegui sair da escala 6×1 depois de me matar fazendo hora extra. E sabe por quê? Porque eu tinha entrado em dívidas.
Ganhava pouco, não sabia administrar esse pouco que entrava, e quando vi estava enterrado em contas, muitas delas completamente desnecessárias justamente por não saber gastar e administrar.
Nessa época eu estava completamente imerso, sem perspectiva, sem enxergar luz no fim do túnel.
Foi refletindo sobre esse período que resolvi escrever esse texto. Existem alguns pontos cruciais sobre a escala 6×1 que eu gostaria muito de ter entendido antes de entrar nela.
Se alguém tivesse me alertado, talvez eu tivesse tomado decisões diferentes. E é exatamente isso que quero fazer por você agora.